As sete jogadoras que pediram dispensa da seleção brasileira de basquete feminino no evento-teste para as Olimpíadas, por “razões particulares”, foram intimadas a prestarem esclarecimentos no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do Basquete. A audiência foi marcada para a próxima quinta-feira (21), às 13h, no Rio de Janeiro. As atletas foram avisadas por um email de uma secretária do STJB. Por conta do boicote promovido por quatro equipes da Liga de Basquete Feminino (LBF) – Corinthians/Americana, América-PE, Santo André e Presidente Venceslau) -, o técnico Antonio Carlos Barbosa fez uma convocação de emergência às vésperas da competição. Ricardo Molina, gestor do Corinthians/Americana e um dos líderes do colegiado de clubes, criticou pelas redes sociais a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) pela postura ao longo do processo e por ter intimado as jogadoras. A entidade, no entanto, alega que não tem ingerência sobre o STJD, autônomo.
As duas jogadoras que pediram dispensa da seleção brasileira por lesão, Damiris (Americana/Corinthians) e Nádia (Sampaio Basquete), não foram chamadas para depor. As intimidas foram Gilmara e Joice (Americana/Corinthians), Adrianinha, Tati Pacheco e Tainá Paixão (América de Recife), Jaqueline e Tássia (Santo André). Por conta do compromisso das atletas na Justiça, a rodada da LBF poderá ficar vazia, já que boa parte do elenco não poderia comparecer nos jogos entre Corinthians/Americana e Presidente Venceslau, no interior paulista, e do América contra o Maranhão, no Recife.
– Fico aliviado por tanta gente boa cuidando do basquete feminino. Um baita agente cuidando de 99% das atletas brasileiras (Fábio Jardine) usando da melhor forma de tirar ótimos C$ontrat$os para o bem das atletas claro. Quanto à nossa torcida, ainda não sei dizer se teremos jogo nesta quinta pois através do STJD, a CBB (aquela que o Vanderlei e o Barbosa disseram que respeitaram as dispensas) intimou as atletas que pediram dispensa a estarem no RIO justificando as dispensas exatamente no mesmo dia do nosso jogo. Então não sei se teremos 5 jogadoras em quadra. Tô aliviado. Achei que fui até injusto com todo esse povo. Desculpem. Vcs fazem o melhor de vcs pelo basquete feminino. Isso me deixa muito tranquilo para cuidar das minhas jogadoras e comissão técnica que priorizaram estar em Americana, jogar para nossa torcida e patrocinadores de pé e até o fim. Hoje tive a certeza absoluta que de tanta gente boa não preciso me preocupar com o basquete feminino e nem falar mais sobre o assunto. O Brasil encerrou a campanha de duas vitórias (Argentina e Venezuela) e uma derrota (Austrália) com a medalha de prata no evento-teste, após cair diante das australianas na disputa pelo título do Torneio Internacional – revelou Molina em um dos trechos do post publicado em seu Facebook.
– O STJD nã é da CBB. O STDJ é do basquete. A CBB não tem nenhuma ingerência sobre o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva, que é autônomo e independente. Com a Lei Pelé, não existe mais tribunal da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) ou da CBB, e sim o STDJ do vôlei e do basquete, que pode intimidar, convocar ou denunciar seja quem for, atleta, dirigente ou clube. Estão fazendo confusão. Quem mandou este email foi a Joyce Nascimento, secretária do STJD, foi ela que fez pedido. A CBB não tem nada a ver com isso – rebateu Luiz Carlos Pinto, chefe da área de comunicação da CBB.
Em um tom irônico, Molina parabenizou não só o trabalho da CBB por ter “vencido o jogo”, assim como o treinador Barbosa, as atletas que se apresentaram à seleção e o empresário Fábio Jardine, que agencia as principais atletas do país, como Erika e Clarissa, destaques do evento-teste, inclusive as que optaram por seguir as orientações dos líderes do movimento.
– Carlos Nunes, Vanderlei, Barbosa e Adriana Santos. Todos de parabéns pelo “patriotismo” e pela lição que deram a todos nos por tamanho exemplo de comprometimento ao Brasil. Foi lindo de ver. Até porque nenhum destes trabalharam em clubes e não imaginam que por aqui o basquete feminino está lindo. (…) Parabéns à liga de basquete feminino dos clubes que dos clubes não tem nada. Segue ordem da maior e ponto. Parabéns ao agente Fabio Jardine por orquestrar tamanha aberração. Muita maestria. Trazendo a desempregada Erika que já estava empregada antes de ir para a seleção e vendeu como a patriota que saiu da Turquia pela nossa bandeira (Erika rompeu com o turco Adana Aski e estava sem clube até fechar com o América, anúncio feito após ela defender o Brasil no evento-teste). Muito bom. Por conhecidencia (sic) mesmo agente da Clarissa. Mas é só conhecidencia (sic). O cara é realmente bom. Parabéns às atletas que lá estiveram na seleção Isso que é patriotismo. Baita exemplo. Baita referência para as novas gerações – revelou Molina em outro trecho do comunicado.
Fábio Jardine lamentou a discussão nas redes sociais e se defendeu das acusações do gestor.
– Não estou aqui para brigar com ninguém, a maior resposta são as meninas que estão comigo. Também tenho jogadoras nos Estados Unidos, na WNBA, um reconhecimento aqui e lá fora. Quando estoura alguma coisa, tem que estourar em alguém. Nunca cheguei para a Erika e Clarissa e falei vai ou não vai para a seleção. Também sou agente da Tássia, da Tainá, da Adrianinha… Elas não foram para a seleção, então, isso não é argumento nenhum pra mim. As pessoas entendem como querem,e eu não vou alimentar isso – destacou o empresário.
Diante dos “elogios”, Barbosa respondeu com bom humor.
– De tudo aquilo (post de Molina no Facebook), o que me interessou foi a parte que diz respeito à seleção. Mas o tribunal é independente e pode fazer uma denúncia a qualquer momento. Como esse assunto (boicote) apareceu muito na mídia, eles querem ouvir as atletas sobre o que aconteceu. Foi o que eu entendi. Espero que os elogios não tenham sido uma ironia. Se não for, eu agradeço de coração pelo reconhecimento. É o mínimo que eu posso fazer. Se for um post irônico, eu agradeço da mesma forma – revelou o treinador.
Dos seis clubes da LBF, apenas o Sampaio Basquete (MA) liberou jogadoras para defender a seleção no evento-teste. Assim, somente três jogadoras da lista de 12 convocadas pela lista inicial se apresentaram: Iziane e Isabela Ramona, do Sampaio Basquete, e Clarissa, que furou o boicote apoiado por seu time, o Corinthians/Americana. Foi precisoconvocação de emergência para a seleção se apresentar com 11 atletas. A 12ª e última atleta a completar o grupo foi a ala Júlia Carvalho, que atuou na temporada passada pelo Santo André.
O colegiado exige que os seis técnicos que dirigem os clubes da LBF façam parte do departamento técnico da seleção brasileira feminina. Para o movimento, o diretor de seleções Vanderlei Mazzuchini foca suas atenções na equipe masculina. A CBB alega que a estrutura dada para homens e mulheres é a mesma, inclusive o valor das diárias em viagens, e afirma que o colegiado quer dar um golpe para comandar a seleção, e isso, para a entidade, é inaceitável.
A CBB cumpriu duas solicitações do colegiado, trocando o técnico Luiz Augusto Zanon por Barbosa – oficialmente Zanon deixou o cargo por causa de um problema de saúde – e nomeando Adriana Santos para o novo cargo de coordenadora da seleção feminina.
O time verde e amarelo se despediu do evento-teste com a medalha de prata, após uma campanha de duas vitórias (Argentina e Venezuela) e uma derrota (Austrália).
Esta não foi a primeira vez que a CBB recebeu pedidos de dispensas. Foram muitos os episódios, principalmente, entre jogadores da seleção brasileira masculina que atuam pela NBA, liga americana de basquete, como Nenê, Anderson Vajerão, Leandrinho e Tiago Splitter. Em nenhum dos casos, os atletas precisaram se explicar no STJD. Em uma nota oficial, a CBB negou qualquer influência nas decisões e procedimentos adotados pelo órgão de Justiça.
Veja a nota de esclarecimento da CBB:
“A Confederação Brasileira de Basketball vem a público esclarecer sua relação com o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA DO BASQUETEBOL – STJD. Conforme determinado na Lei 9.615/98, art. 52, os órgãos integrantes da Justiça Desportiva são autônomos e independentes das entidades de administração do desporto. Neste sentido o estatuto da CBB no seu parágrafo 1º do Artigo 32 assegura esta autonomia do Tribunal. Assim, a convocação de atletas e quaisquer outras pessoas obedece, única e exclusivamente, ao entendimento daquele Tribunal, dentro de suas atribuições.
A CBB, em respeito ao STJD do Basquetebol, rejeita e repudia qualquer insinuação sobre influência em decisões e procedimentos adotados por essa unidade autônoma da Justiça Desportiva. Não há que se confundir a obrigação legal de custeio das atividades do Tribunal, com ingerência e intromissão sobre essas atividades. A CBB aproveita para registrar que o trabalho dos membros que compõe o STJD do Basquetebol é um dos pilares de sustentação da modalidade.
As razões que motivaram a denúncia e a decisão de abertura de inquérito pelo STJD baseiam-se no boicote à última convocação da Seleção Brasileira Feminina Adulta de Basquetebol, em uma ação orquestrada, proibidas pelas normas nacionais e internacionais, sendo imperativa uma investigação para apuração de responsabilidades.
A CBB reitera sua posição de não punir, no âmbito da entidade, nenhuma atleta por aquele episódio, entendendo que as atitudes daquelas atletas não refletiram a real vontade e intenção de cada uma delas.”
Confira o post de Ricardo Molina, gestor do Corinthians/Americana, íntegra:
“# luto pelo basquete feminino #
Descobri que realmente eu estou errado. Realmente não conheço basquete e nem às pessoas e peço desculpas por ter errado tanto.
Tenho que reconhecer: CBB ganhou o jogo. Carlos Nunes, Vanderlei, Barbosa e Adriana Santos. Todos de parabens pelo “patriotismo” e pela lição que deram a todos nos por tamanho exemplo de comprometimento ao Brasil. Foi lindo de ver. Até pq nenhum destes trabalharam em clubes e não imaginam que por aqui o basquete feminino está lindo.
A federação paulista, o sr. Enio, está realmente certo. Tem que estar no Rio com a CBB ao invés de cuidar dos clubes paulista que estão se matando para se manter de pe e pedindo respeito ao basquete feminino. Eles reclamam muito presidente. Está tudo ótimo poxa.
Parabens a liga de basquete feminino dos clubes que dos clubes não tem nada. Segue ordem da maior e ponto.
Parabéns ao agente Fabio Jardine por orquestrar tamanha aberracao. Muita maestria. Trazendo a desempregada Erika que ja estava empregada antes de ir para a selecao e vendeu como a patriota que saiu da turquia pela nossa bandeira.Muito bom. Por conhecidencia mesmo agente da Clarissa. Mas é só conhecidencia. O cara e realmente bom.
Parabens às atletas que lá estiveram na selecao. Isso que é patriotismo. Baita exemplo. Baita referência para as novas geracao.
Olha, e tanta gente para parabenizar. Parabéns aos clubes por se manterem de pe com tanta dificuldade. Alguns até não medindo o preço e acoes para ganhar o campeonato. Deixo aqui um abraço antecipado. Olha, e uma lista de pessoas que realmente amam o B$SQU$TE feminino. Quanta gente preocupada com o basquete feminino. Isso e muito bom. Tem CBB, tem LBF que não é dos clubes, Federação Paulista. Poxa fico aliviado por tanta gente boa cuidando do basquete feminino. Um baita agente cuidando de 99% das atletas brasileiras usando da melhor forma de tirar otimos C$ontrat$os para o bem das atletas claro.
Quanto a nossa torcida, ainda não sei dizer se teremos jogo nesta quinta pois através do STJD , a CBB ( aquela que o vanderlei e o Barbosa disseram que respeitaram as dispensas) intimou as atletas que pediram dispensa a estarem no RIO justificando as dispensas exatamente no mesmo dia do nosso jogo. Então não sei se teremos 5 jogadoras em quadra.
Tô aliviado. Achei que fui até injusto com todo esse povo. Desculpem. Vcs fazem o melhor de vcs pelo basquete feminino.
Isso me deixa muito tranquilo para cuidar das minhas jogadoras e comissão técnica que prorizaram estar em Americana, jogar para nossa torcida e patrocinadores de pe e até o fim.
Hoje tive a certeza absoluta que de tanta gente boa não preciso me preocupar com o basquete feminino e nem falar mais sobre o assunto.
Um abraço a todos. Até!”
Fonte: Globoesporte