Bilionários brincam com times de futebol

O futebol internacional se transforma na nova fronteira das maiores fortunas do mundo que se lançaram na compra de clubes. Se a onda começou com os bilionários russos invadindo o futebol europeu há exatos dez anos, hoje a tendência é global e pelo menos 50 clubes estão nas mãos de magnatas que sequer eram sócios desses times há poucos anos e jamais foram vistos nas arquibancadas.

Em busca dos lucros gerados pelo futebol globalizado, de popularidade e em alguns casos da falta de controle financeiro sobre as transações, algumas das maiores fortunas na lista da revista Forbes passaram a ser proprietários de clubes em diversos países. O impacto: o começo de uma revolução na geografia das potências do futebol, mas também a mobilização de entidades esportivas internacionais para adotar um novo controle sobre o que é gasto no esporte.

O homem mais rico do mundo, o mexicano Carlos Slim, é um exemplo desse avanço sobre o futebol. Ele mesmo admite que a bola não é seu esporte preferido, mas negócios são negócios. Em setembro de 2012, sua empresa, a América Móvil, comprou 30% das açoes do Grupo Pachuca, que por sua vez controla dois times no México: o C.F. Pachuca e Club León. Três meses depois, comprou parte do espanhol Real Oviedo, que estava à beira da falência.

Slim já entendeu que, se quiser continuar como homem mais rico do mundo – tem uma fortuna de US$ 73 bilhões (R$ 146 bilhões) -, o esporte é um dos caminhos.

Há duas semanas ele obteve um contrato com o COI para ter o direito exclusivo de transmitir para toda a América Latina – exceto o Brasil – os Jogos do Rio de 2016. Jacques Rogge, presidente do COI, não citou quanto Slim pagou pelo negócio. Mas não escondia sua satisfação. “Estamos muito contentes por termos alcançado esse importante acordo.”

O interesse de magnatas pelo futebol não é novo. Silvio Berlusconi, dono do Milan, mostrou já nos anos 90 como um clube pode catapultar alguém para o cargo de primeiro-ministro de um país. Na França, o dono da Gucci e Yves Saint Laurent, François Pinault, controla o Rennes há 15 anos.

Mas agora o grupo se expandiu. Dietrich Mateschitz é dono do Red Bull Salzburg e do New York Red Bulls. Dmitry Rybolovlev comprou o Monaco, que estava em sérias dificuldades. Lakshmi Mittal, dono de uma das maiores siderúrgicas do mundo e com uma fortuna de US$ 16,5 bilhões (R$ 33 bilhões), comprou o Queens Park Rangers.

Na Espanha, o empresário Amancio Ortega – dono da loja Zara e o terceiro homem mais rico do mundo – é o dono do Deportivo La Coruña.

Invasão árabe. O xeque árabe Abdullah Bin Nasser Al-Thani causou sensação ao comprar, em 2010, o medíocre Málaga por 36 milhões (R$ 92,8 milhões). Hoje o clube disputa as quartas de final da Copa dos Campeões.

Outro árabe, o xeque Mansour bin Zayed Al Nahyan, desembarcou no Manchester City gerando muita resistência e acusado de “tirar a alma do clube”. Isso até conquistar o título inglês para o que era até há poucos anos um time insignificante.

Nasser Al-Khelaifi, um príncipe do Catar dono de uma das maiores fortunas do mundo, é hoje presidente do PSG de Lucas e Thiago Silva. Esta semana, em uma entrevista ao jornal espanhol El País, o magnata afirmou: “Não é complicado ganhar muito dinheiro com o futebol.” Sua ambição é transformar Paris num dos epicentros do futebol europeu.

O pelotão russo também vem ganhando cada vez mais espaço. Roman Abramovich, com um patrimônio de US$ 10,2 bilhões, (R$ 20,4 bilhões) abriu caminho há uma década. Ele comprou em 2003 o Chelsea por 233 milhões (R$ 601,1 milhões), e já teria gasto 3 bilhões (R$ 7,7 bilhões) desde então. Seu projeto culminou com a conquista da Copa dos Campeões em 2012.

Se inicialmente foi duramente criticado, hoje o russo se transformou em um modelo a ser seguido por outros magnatas.

Um deles é o oligarca ucraniano Rinat Akhmetov que, com seu patrimônio de US$ 15,4 bilhões (R$ 30,8 bilhões) transformou o Shakhtar Donetsk num clube de elite.

O time venceu sete dos últimos 13 campeonatos nacionais e em 2009 ganhou a extinta Copa da Uefa. Curiosamente, o maior sócio de Akhmetov, Vadim Novinsky, é o dono de um adversário do Shaktar, o Sevastopol.

Uma aliança ainda entre o magnata americano Stan Kroenke com o russo mais rico do mundo, Alisher Usmanov, garante uma renda estável para o Arsenal, enquanto o Tottenham é bancado pelo também norte-americano Joe Lewis.

No Manchester United, George Soros mantem 7,8% das ações. E o americano Malcolm Glazer é o dono do clube.

Globalização
Cinquenta clubes estão nas mãos de magnatas em todo o mundo. Russos, norte-americanos e americanos são os que mais aparecem como mecenas. Mas o homem mais rico do planeta, o mexicano Carlos Slim, também entrou na onda.

Fonte: Estado de São Paulo

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