Gustavo Lopes Pires de Souza
A fim de promover a Copa do Mundo, o Governo Federal realizou chamamento público para Plano de Promoção do Brasil para a Copa do Mundo da FIFA 2014. Houve a aprovação de 96 projetos, dentre eles a caxirola.
O Plano de Promoção tem o objetivo de alinhar as ações promocionais e garantir uma mensagem única que evite a dispersão da imagem do país no megaevento esportivo. Os projetos que ganharam a chancela poderão integrar ações de promoção durante a realização do Mundial de 2014.
Idealizada pelo cantor Carlinhos Brown, a caxirola foi baseada no caxixi, um tipo de chocalho, de origem indígena, muito usado na capoeira e na MPB. A palha trançada do instrumento original deu lugar a um plástico sustentável. A inspiração teria sido a famosa vuvuzela da África do Sul.
Na cerimônia de entrega do certificado, Carlinhos Brown afirmou que “A caxirola, assim com a vuvuzela, é a bola do torcedor. A gente quer que cada brasileiro tenha uma caxirola nas mãos. É uma forma de dizermos que estamos no ritmo”.
Enfim, a caxirola estreou no clássico Bahia x Vitória que ganhou a sonoridade do instrumento, inspirado no caxixi, que foi apresentado oficialmente pelo criador, Carlinhos Brown, cerca de uma hora antes da partida. As caxirolas foram distribuídas ao público e o músico baiano deu as dicas de como usá-las.
Entretanto, o momento que deveria ser festivo, tornou-se extremamente vergonhoso, eis que o instrumento oficial do Brasil para a Copa do Mundo de 2014 foi lançado por centenas de torcedores no gramado e uma onda de caxirolas invadiu o gramado do estádio.
O fato é que, ao contrário da vuvuzela que já era uma tradição nos estádios de futebol da África do Sul, a caxirola, apesar de extremamente original, não faz parte da cultura futebolística brasileira. Apesar de toda boa intenção do Governo Federal, dos idealizadores e da mídia, a utilização das caxirolas passa uma ideia de artificialidade.
Aparentemente, tratou-se de uma estratégia empresarial mais preocupada com retorno financeiro, já que a caxirola deve ser vendida a trinta reais, do que com a divulgação da cultura brasileira.
Talvez, o caminho fosse buscar a musicalidade brasileira nos instrumentos tradicionalmente utilizados nos estádios de futebol, como aqueles do samba como pandeiro, surdo e tamborim, utilizados nas charangas, especialmente neste caso em que o projeto foi custeado com verba pública.
Sem dúvidas, o momento da Copa do Mundo é oportuno para divulgar ideias brasileiras e alavancar negócios, mas não de artificializar a cultura brasileira com empreitadas custeadas pelo Poder Público e fadadas ao descrédito.