Clube britânico e o Paris Saint-Germain vivem situações opostas, mas tem em comum o fato de serem dirigidos por magnatas árabes
Nas últimas duas semanas o mercado do futebol foi surpreendido com dois fatos associados às finanças dos clubes europeus em 2013 e com pouca repercussão no Brasil. O primeiro caso foi a divulgação dos prejuízos do Manchester City. O outro foi o aumento fora da realidade das receitas do Paris Saint-Germain (PSG), ambos de propriedade de magnatas árabes.
Esses clubes adquiridos por bilionários se transformaram em uma nova realidade do futebol europeu. Todos adotam a mesma estratégia: recebem um volume astronômico de recursos, contratam jogadores por valores astronômicos e transformam em pouco tempo clubes médios e até pequenos em potências esportivas globais.
Acumulando pesados déficits e aumentando seu endividamento.
A UEFA atenta a esse movimento criou o Fair Play Financeiro, que tem como grande objetivo reduzir os prejuízos milionários destes clubes que não sobreviveriam sem os milhões injetados por seus donos.
Entretanto os dados do Manchester City e PSG comprovam que a UEFA terá um difícil trabalho pela frente. O clube inglês apresentou um prejuízo em 2013 de 51,6 milhões de libras. Nos últimos quatro anos acumulou prejuízos de 468,3 milhões de libras, cerca de R$ 1,9 bilhão. Este valor é superior ao prejuízo somado dos 20 maiores clubes brasileiros nos últimos dez anos.
O Fair Play Financeiro estabelece um prejuízo máximo aceitável de 45 milhões de euros em média entre 2011 e 2013. O clube superou muito esse montante máximo estabelecido, já que a média dos prejuízos dos últimos três anos supera 116 milhões de libras.
Prejuízos de cada exercício- Manchester City – Em milhões de libras
Fonte: Balanços Manchester City
Teremos que aguardar o pronunciamento da UEFA para poder saber se o Manchester City poderá ser punido pela nova regulação. Nos últimos três anos houve redução dos déficits impactado por altas receitas com patrocínios, com empresas ligadas a família que administra o clube.
No caso do PSG, os dados chamaram muito a atenção do mercado, pois no estudo recente publicado pela empresa Deloitte, entre os clubes que mais faturam no mundo o clube francês figurou no quinto posto, à frente de clubes como o próprio Manchester City, Chelsea, Arsenal, Juventus e Milan. No ano anterior era o décimo e em 2011 não estava nem entre os 20 maiores.
O que mais impressiona foi o crescimento fora da realidade das receitas de marketing do clube, impulsionadas pelos acordos muita acima do padrão assinados com empresas próximas da família que é dona do time.
Em 2011 o faturamento do clube era de 100 milhões de euros e sua receita de marketing de 37,8 milhões de euros. Já em 2012 o salto foi muito grande, atingindo 221 milhões de euros de faturamento as receitas de marketing atingiram 139,9 milhões de euros, melhora de 270%.
Em 2013, o PSG apresentou uma receita total de 399 milhões, sendo que 254,7 milhões de euros em marketing.
O valor recentemente publicado é superior aos ganhos de marketing de potências atuais como o líder desta fonte de receita no mundo, o Bayern de Munique, que gerou 237,1 milhões de euros em marketing e o Real Madrid com 211,6 milhões gerados com esta fonte de receita.
Esse incremento nos valores do PSG é completamente fora da realidade, pois clube até pouco tempo dividia um espaço reduzido do mercado com outros times intermediários do futebol europeu.
Evolução da receita total e receita de marketing do PSG- Em milhões de euros
Fonte: Deloitte
Os números do PSG, são uma clara estratégia de inflar as receitas com patrocínios e acordos comerciais para tentar burlar o Fair Play Financeiro da UEFA.
Portanto as decisões que a UEFA vai tomar, para manter firme sua regulação do Fair Play Financeiro, vão depender de como vai enfrentar com rigidez o Manchester City e PSG. Afinal os dos são bons exemplos de clubes de magnatas que influenciaram na criação da regulação.
Fonte: Lance Bizz