Amir Somoggi
As cifras movimentadas pelas franquias filiadas à Major League Soccer (MLS) crescem a cada temporada
A recente decisão do astro inglês David Beckham de montar um time da liga de soccer dos EUA (MLS) é mais um efeito positivo claro do trabalho que vem sendo desenvolvido pela liga. O time será da cidade de Miami, um dos principais mercados para o futebol nos Estados Unidos e que estava sem uma equipe.
Atualmente há cerca de 20 milhões de praticantes de futebol (o soccer) nos Estados Unidos, e os produtos licenciados ligados ao esporte já faturam mais de US$ 900 milhões (R$ 2,1 bilhões). A final da Copa de 2010 apresentou audiência de 24 milhões de telespectadores no país. Isso representa uma audiência maior que a final da liga de beisebol, a World Series.
A audiência da Copa da África, em 2010, atingiu 95 milhões de americanos. 19% superior à da Copa da Alemanha, em 2006, o maior crescimento entre os 214 países medidos pela Fifa.
Segundo a revista Forbes, na temporada de 2012, os 19 times da MLS faturaram US$ 494 milhões (R$ 1,2 bilhão). Em 2008, a MLS gerava US$ 166 milhões (R$ 403 milhões) em receitas, o que significa dizer que nesses cincos anos, o faturamento da entidade fora triplicado. O time que mais fatura na MLS é o Seattle Sounders, com US$ 48 milhões (R$ 116,6 milhões) gerados, seguido pelo LA Galaxy, com receitas de US$ 44 milhões (R$ 106,6milhões).
O modelo de gestão da MLS é similar ao das demais ligas americanas, com o controle das receitas, com os direitos de TV e patrocínios globais da competição, que são repassados de forma igualitária aos clubes. O valor médio das 19 franquias atualmente é de US$ 103 milhões (R$ 249,5 milhões)
Um fato que chama a atenção na MLS é sua baixa receita com direitos de TV. Em 2012, as transmissões geraram um volume de US$ 36 milhões (R$ 87,2 milhões) para serem divididos entre as 19 franquias. Um valor irrisório para os padrões americanos e até mesmo para os do Brasil, uma vez que cada time fica com menos de US$ 2 milhões (R$ 4,8 milhões) por ano.
O grande diferencial da MLS são as receitas geradas durante as partidas dos clubes, com a comercialização de cadeiras, ingressos, camarotes, bares, restaurantes e lojas. As receitas com os estádios dos times da MLS superaram US$ 300 milhões (R$ 726,7 milhões) em 2012, quase 70% do total gerado pelos times.
Esse valor é bem maior do que os clubes brasileiros movimentam com a Série A atualmente.
A competição apresentou uma média de público superior a 18 mil torcedores por partida, média superior à registrada pela NBA e pela NHL, que tradicionalmente apresentam um índice de ocupação das arenas mais alto que o da MLS.
A média de público da MLS é superior a de outras importantes competições nacionais do Brasil, Argentina e Portugal. Nenhum clube da MLS tem média de público inferior a 13 mil torcedores por partida.
O Seattle Sounders, fenômeno de público da liga, tem média por partida de mais de 43 mil espectadores. É o time que mais fatura com seus jogos, um total de US5 40 milhões(R$ 96,9 milhões) por ano. O segundo colocado, o LA Galaxy, gera US$ 23 milhões (R$ 55,7 milhões) com as partidas e registra uma média de público de 23 mil torcedores por jogo.
O futuro da Liga é promissor, especialmente quando se percebe que os direitos de TV geram valores muito baixos. A NHL recebe pelos direitos de transmissão US$ 600 milhões(R$ 1,4 bilhão) por ano e a NBA US$ 930 milhões (R$ 2,2 bilhões). Portanto, fica claro que o desenvolvimento da MLS passa pelo aumento dos valores nos contratos de TV, tanto no mercado doméstico, como no internacional.
Para que isso possa acontecer, é necessário melhorar a qualidade dos jogos, assim como o apelo de seus times, ainda vistos como de baixa qualidade técnica em mercados mais exigentes, como os da Europa e América do Sul.
O caminho trilhado até o momento pela MLS sinaliza que a entidade crescerá bastante a curto prazo, superando a NHL. A se confirmar esse crescimento, a MLS se consolidaria como a quarta liga dos Estados Unidos e também como uma importante competição de futebol no cenário global.
Fonte: Lance Bizz