As semelhanças na gestão de talentos nos campos de futebol e dentro das empresas foram apontadas durante o painel “Gestão de Talentos no futebol”, no Insights Época NEGÓCIOS, nesta segunda-feira (05/05). A primeira parte do evento, realizado no Museu do Futebol, contou com a presença do diretor executivo do Palmeiras, José Carlos Brunoro, o empresário e ex-jogador Oscar Bernardi e o diretor da Agência Ideal, Fabio Kadow. A moderação foi do redator-chefe da revista, Darcio Oliveira.
Logo no início, Brunoro deixou clara a mudança que o ambiente tanto dos gramados quanto dos escritórios sofreu nos últimos anos: “É líder – e não chefe. Estamos falando de liderança, a chefia acabou”. O diretor palmeirense, que teve passagem pela seleção brasileira de vôlei (como técnico e preparador físico) e pela Fórmula 1 (como empresário do piloto brasileiro Pedro Paulo Diniz), apontou em seguida três pilares para uma gestão de talentos eficiente:
“Ser líder não é esperar que as pessoas sejam iguais a você, é identificar o papel e a característica de cada um em prol de um objetivo em comum”, disse. “A segunda coisa é o conhecimento: a primeira coisa que as pessoas que trabalham para você vão procurar saber é se você domina o assunto. Por fim, você só vai manter um grupo unido se for transparente com cada um: aquele atleta mais novo, por exemplo, tem que entender porque ele tem menos espaço do que quem é mais experiente em determinados assuntos.”
Sua postura foi defendida por Oscar, que por sua vez ressaltou a importância de deixar clara a filosofia de clube ou de uma empresa antes de contratar: “A organização, seja empresa ou clube, tem que estar acima de quem trabalha nela”. O ex-zagueiro do São Paulo, integrante da seleção brasileira da Copa de 1982, defendeu também um cuidado maior com a carreira dos funcionários: a possibilidade de ascensão na hierarquia deve estar bastante clara.
Dificuldade em lidar com jovens talentos
Fabio Kadow, que trabalha com Neymar desde a época em que o craque atuava no Santos, tem experiência com atletas de outras áreas e de idades diferentes, como Anderson Silva (MMA) e Maya Gabeira (surfe), e vê uma pressa em jovens jogadores para alavancar sua imagem.
“Eles querem na hora: se em um ano não fechou nada, não pingou nada de volta, ele vai começar a te questionar muito”, afirmou. “O trabalho de imagem não é imediato – o atleta tem que entender isso também: o [fusion_builder_container hundred_percent=”yes” overflow=”visible”][fusion_builder_row][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][Michael] Jordan é ate hoje o principal nome da Nike e está parado faz muito tempo. Não pode ter tanta pressa.”
Questionado se jogador de futebol é “mimado” – ponto levantado por Oscar – Kadow concordou, mas com ressalvas: “Alguns, sim, mas não sei se nascem mimados. Às vezes, o ambiente o torna mimado. Mas não é culpa só dos atletas: tem gente pagando, passando a mão, fazendo uma porção de coisas.”
Por outro lado, o publicitário revela dificuldades em controlar o impacto das declarações de um jogador nas redes sociais. “O atleta não entende que cada seguidor dele é um microfone. Você precisa explicar isso pra ele.”
Com experiência no Palmeiras da década de 1990 e passagem pela administração do Audax, Brunoro identificou uma nova leva de promessas que vieram “na rabeira” de Neymar: “É uma situação delicada, tem clube que chega a pagar 40, 50 mil por mês. Depois do Neymar, vieram vários com salários altíssimos e que não vingaram”, disse. “Como temos [no Palmeiras] contratos mais longos na base, conseguimos controlar isso. Mas é comum empresário vir pedir valores absurdos para garotos de 16 ou 17 anos. O Neymar é um caso à parte.”
‘Panelinhas’
As chamadas “panelinhas” não são sempre consideradas vilãs da gestão do líder nas empresas. Enquanto Oscar admitia que elas são comuns no futebol e que é inevitável que certas pessoas tenham mais afinidade no ambiente de trabalho, Brunoro as separou em dois grupos.
“São dois tipo de panela: a ruim é aquela que quer comandar a opinião do treinador, de quem joga, etc. E tem aquelas que, como Oscar disse, as pessoas só se gostam, se reúnem. Essas panelinhas inclusive são boas, as pessoas confundem”, afirmou.
O que o gestor deve fazer em casos assim é analisar até qual ponto uma “panelinha” prejudica o clube ou a empresa. Para o diretor do Palmeiras, um integrante mais experiente pode ser um ponto entre o diretor e o atleta: “Contratar jogador mais velho é bom para isso. Às vezes facilita muito. Vejo isso desde a época do vôlei.”
Sucesso do Ituano e queda dos grandes no Paulista
A campanha histórica do Ituano no Campeonato Paulista de 2014, em que eliminou Palmeiras e Santos e foi campeão pela segunda vez em sua história, foi usada por Oscar para exemplificar seus pontos levantados no início do painel. “Eles apostaram em jogadores que querem um objetivo maior e buscam ascensão na carreira. E têm jogadores experientes dentro de campo”, disse.
Dos outros dois maiores do estado, o Corinthians nem se classificou para a segunda fase da competição – perdeu a vaga para a equipe de Itu – enquanto o São Paulo foi eliminado em pleno Morumbi pela Penapolense, nos pênaltis.
Brunoro viu uma postura, mesmo que inconsciente, de “já ganhou” dos jogadores do Palmeiras na semifinal da competição, aliada a uma série de lesões dos principais nomes da equipe. Entretanto, apontou o período curto de pré-temporada e preparação como causa do baixo desempenho dos quatro grandes paulistas. “Os grandes começam a pré-temporada com 10 dias para o estadual começar. Os do interior levam vantagem, mas, claro, todo mérito para eles.”
Fonte: Época Negócios[/fusion_builder_column][/fusion_builder_row][/fusion_builder_container]