Machismo também é preconceito

Gustavo Lopes Pires de Souza

Realmente muito bonita, a assistente de arbitragem Fernanda Colombo Uliana, de 23 anos, iniciou o clássico entre Atlético e Cruzeiro recebendo todos os holofotes da imprensa.

Após a partida os holofotes novamente se voltaram para a assistente, mas, desta vez pelos erros cometidos, especialmente, por um impedimento inexistente em um contra-ataque, onde o meia-atacante Alisson sairia de frente para o goleiro do Atlético.

O diretor de futebol do Cruzeiro manifestou publicamente sua insatisfação com os erros, e, mais precisamente teceu comentários polêmicos acerca da bandeirinha Fernanda Colombo Uliana. Segundo o dirigente, ela deveria posar na “Playboy”.

Logo o Cruzeiro que, meses antes, ficara marcado pela luta contra o racismo no futebol em razão das manifestações da torcida peruana contra o volante Tinga na partida contra o Real Garcilaso pela Libertadores da América, acabou por protagonizar atos de preconceito contra uma mulher.

Ora, machismo é tão preconceito quanto racismo.

Segundo o artigo 243-G, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, constitui infração disciplinar praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.

Assim, as declarações do dirigente mineiro são passíveis de suspensão de pelo prazo de cento e vinte a trezentos e sessenta dias, além de multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Infelizmente, o machismo é uma constante em nossa sociedade, sobretudo no futebol e a reação do dirigente celeste corrobora isso. O machismo deve ser combatido tanto quanto o racismo, a homofobia e a intolerância religiosa.

Em nome do machismo homens agridem suas mulheres física e psicologicamente e isso precisa acabar.

Na sociedade atual não há mais espaço para atitudes machistas. Lugar de mulher bonita não é na “Playboy” e lugar das “mães de família” não é na cozinha.

As mulheres, após décadas de repressão, já provaram que podem ser melhores e mais competentes que os homens em áreas antes predominantemente masculinas e o medo de perder espaço tem reacendido perigosamente a chama machista.

Se houve erro, que a assistente catarinense receba a punição aplicável e não seja achincalhada pela sua beleza física e que a Justiça Desportiva aplique punições severas contra atos de discriminação no futebol e em qualquer modalidade esportiva.

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