“As torcidas organizadas estão com os dias contados”. Quantas vezes, afinal, você já não leu essa mesma frase nos últimos anos? Embora o discurso já tenha se tornado cansativo por sempre ter fracassado, um movimento se articula para uma nova tentativa radical. Se há quem duvide do sucesso desta operação, os personagens estão mais confiantes do que nunca.
A mobilização recomeçou logo depois do jogo entre Santa Cruz e Paraná, no Arruda, em Recife, quando uma pessoa morreu ao ser atingida por uma privada no meio de uma guerra entre torcedores. Incrédulos com o episódio, doze clubes de Pernambuco se reuniram com a federação do estado e começaram a desenhar um novo cenário para a região, impor de qualquer maneira a diminuição das brigas no futebol. A eles se juntou o procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmidt.
Com o princípio de que todos os casos relevantes de violência contaram com a participação de integrantes de torcidas organizadas, o grupo tem um objetivo ambicioso que resultaria na ruptura dos clubes com as uniformizadas.
1. Proibição de espaços exclusivos para organizadas dentro dos estádios;
2. Proibição de ingressos gratuito ou desconto no valor de ingressos para organizadas;
3. Proibição de custeio de viagem por parte dos clubes para os grupos uniformizados;
4. Proibição de qualquer ajuda de custo por parte dos clubes para organizadas;
5. Proibição do uso da marca do clube para venda de produtos das torcidas;
6. Proibição da entrada de materiais que façam referência às organizadas.
Com esses pontos principais, o movimento pretende criar um termo de compromisso para ser assinado por todos os clubes e federações do país, criando um padrão para a relação entre as agremiações e as torcidas. O exemplo usado por eles é um que já acontece, o do Cruzeiro.
Para não ficar apenas no papel, o não cumprimento dos princípios acima terá consequências desportivas, que ainda estão sendo formuladas. O grupo já tem o apoio garantido da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), segundo o presidente da Federação de Pernambuco, Evandro de Barros Carvalho.
“Estamos começando a implementar as mudanças em Pernambuco. Com o absurdo que aconteceu se tornou urgente formular um termo de compromisso entre todos os participantes, para garantir que não aconteça mais. Organizadas não entrarão mais nos nossos jogos. E agora o objetivo é ampliar isso para todos os clubes e federações do país. Não podemos mais conviver com isso dessa forma. A CBF já está ciente do que estamos fazendo e aprovou o que estamos fazendo”, afirmou o dirigente.
“Com a ajuda de Paulo Schmidt estamos correndo para agilizar e assinar com todos os clubes o mais rápido possível. A nossa expectativa é muito grande para que depois da volta da Copa do Mundo exista um novo futebol, com essas relações mais saudáveis estabelecidas com as torcidas. A gente não quer acabar com elas, mas queremos limites e punição. Se você não tiver punição desportiva, nada vai valer”, completou.
Fonte: ESPN