Gustavo Lopes Pires de Souza
Apesar de nascido no ano dos Jogos Olímpicos de Moscou, minha vida sempre foi intimamente ligada às Copas do Mundo.
Com a tenra idade não pude acompanhar a fascinante Seleção da Copa de 1982 (Espanha) que foi eliminada pela Itália na batalha do Sarriá com três improváveis gols de Paolo Rossi.
Assim, minha “primeira Copa” foi a de 1986, no México. Até hoje quando ouço os acordes de “Mexe Coração” sinto o coração bater mais forte. Lembro-me dos primeiro jogos. Das goleadas e dos gols de Josimar e Careca.
Naquele época era um hábito familiar ir aos domingos para a casa de minha saudosa avó, em Nova Lima e foi lá que assisti à eliminação para a França com direito à cobrança de pênaltis. Pela primeira vez chorei por futebol.
Quatro anos depois (1990), a Copa era na Itália cujo campeonato eu acompanhava semanalmente na tela da Band. Animadíssimo com a conquista da Copa América no ano anterior, aquela Seleção me encheu de esperanças. Foi o Mundial do “Papa essa Brasil”.
Infelizmente, fomos eliminados pela Seleção Argentina nas oitavas de final. Partida que, novamente, eu acompanhara na casa de minha avó.
O ano de 1994 trouxe consigo a morte do ídolo Ayrton Senna na véspera do meu aniversário e a esperança econômica com o Plano Real. A Seleção, depois de uma campanha sofrida nas eliminatórias, viajou para os EUA sob muita desconfiança.
Entretanto, jogo após jogo a Seleção foi ganhando moral e sagrou-se tetracampeã contra a Itália em uma sofrida disputa por pênaltis. Não consegui assistir às cobranças. Fiquei do lado de fora da casa ouvindo as comemorações.
Aliás, finalmente, a casa da minha avó exorcizou os fantasmas de 1986 e 1990 com a conquista da Copa do Mundo, 24 anos depois. A emoção aumentou com o tema da vitória que tanto marcara as conquistas brasileiras na Fórmula 1.
Neste ano deu-se início ao “hit” “Eu sei que vou” que tem sido, desde então, repaginado a cada quatro anos.
Em 1998 a Copa do Mundo aconteceu simultaneamente ao meu “debut” na faculdade de direito. Aquela seleção encheu os olhos e a confiança no Penta aumentou depois da dramática semi-final contra a Holanda.
Na final contra os donos da casa reuni vários amigos, mas após os dois gols de Zidane, as esperanças já haviam se exaurido no intervalo da partida.
O ano de 2002 trouxe a primeira Copa realizada na Ásia e em dois países. Eu já estava terminando a faculdade de direito e virei as noites acompanhando as partidas no fuso de Japão e Coréia.
A final foi marcada pelo primeiro encontro de Brasil e Alemanha em Copas Mundo. Naquela partida, Ronaldo (Fenômeno) marcou dois gols e deu a definitiva volta por cima.
Brasil, pentacampeão.
A Alemanha organizou a Copa do Mundo de 2006. A anfitriã não conquistou o título, que ficou com a Itália, mas a torcida fez uma verdadeira festa mostrando ao mundo a hospitalidade e alegria do povo alemão.
Nesta Copa, Ronaldo, o fenômeno, atingiu a marca de 15 gols em Mundiais e tornou-se o maior artilheiro da história das Copas do Mundo.
Tínhamos um timaço com Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Adriano, Kaká, Roberto Carlos e Cafu, mas, novamente fomos eliminados pela França, nosso maior carrasco em Copas do Mundo.
No ano seguinte, 2007, a FIFA escolheu o Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014. Começava ali um sonho.
Em 2010, enfim, a Copa do Mundo chegou ao continente africano, mais precisamente na África do Sul.
A Seleção Brasileira chegou credenciada pelos títulos da Copa América e da Copa das Confederações, mas, caiu nas quartas de final para a Holanda.
A Espanha sagrou-se campeã do mundo. A primeira seleção europeia campeã do mundo fora do seu continente.
Terminado o Mundial da África do Sul, o mundo voltou seus olhos para o Brasil.
Eu, que sempre acompanhei apaixonadamente as Copas do Mundo, tenho vivido cada dia de espera intensamente.
Quis o destino que eu fosse abraçado pelo Direito Desportivo e tivesse a oportunidade de participar de palestras, aulas e eventos sobre a Lei Geral da Copa.
Tive a honra e a satisfação de, a convite da Comissão Especial que debateu a Lei Geral da Copa no Congresso, participar dos debates de formação da lei.
Poucos dias nos separam de um momento mágico.
A Copa do Mundo está arraigada na cultura do brasileiro de forma tão indissociável que mesmo o mais pessimista dos brasileiros não conseguirá ficar indiferente.
Organizar a Copa do Mundo e vencê-la nos dá a oportunidade de extirpar definitivamente o nosso complexo de vira-latas e, ainda, trazer ao país um legado inestimável.
Com ou sem manifestações, com ou sem Lei Geral da Copa, quando Neymar e companhia estiverem em campo estaremos todos juntos em um só coração.
Nas próximas semanas está coluna se renderá ao maior evento esportivo de todos os tempos e durante sua realização a Copa do Mundo será a temática abordada. Na próxima semana, falaremos sobre as condições de acesso e permanência nos estádios durante a Copa.
Hexa Brasil!!!!