A experiência de um advogado na presidência de um clube – Parte 1

É um prazer retornar à esta coluna, de onde eu fiquei afastado por mais de dois anos, para comunicar com os meus leitores. O motivo do eu afastamento foi por absoluta falta de tempo, pois eu passei os últimos dois anos divido entre as lides diárias do meu escritório de advocacia e aquelas de competência da presidência executiva de um clube de futebol.

Me elegi presidente executivo do Goiás Esporte Clube na segunda quinzena do mês
dezembro/2011, e tomei posse no dia 01 de janeiro de 2012. Foram 24 meses de
trabalho incansável, tendo como maior desafio dar sequência ao processo de
saneamento do clube iniciado pelo antecessor, Hailé Pinheiro, presidente do Conselho
Deliberativo do Goiás Esporte Clube, que exerceu a presidência executiva pelo
período de 15 meses, como interventor.

Um dos meus primeiros desafios foi com a maior torcida organizada do Goiás Esporte
Clube, cuja cúpula solicitou uma reunião para “discutir interesses do clube”. Em
reunião, os membros da cúpula da torcida organizada me apresentou uma série de
reivindicações, tais como: doação ingressos, locação de ônibus para os membros da
organizada viajarem para acompanhar os jogos do time, doação de bandeiras, dentre
outras.

Em resposta, eu disse não à todas as reivindicações dos representantes da torcida
organizada argumentando que quem deve prestar ajuda nesta relação é a torcida para
com o clube, e não o clube para com a torcida. Portanto, não cabe ao clube doar
ingressos ou qualquer oferecer qualquer outro benefício para a torcida, seja ela
organizada ou não.

À diretoria de um clube de futebol compete trabalhar para montar uma equipe capaz
de conquistar vitórias e, por consequência, dar alegrias ao seu torcedor. E, ao
torcedor, compete torcer, comparecer aos jogos, adquirir produtos licenciados pelo
seu clube de coração, enfim, contribuir para aumentar a receita do clube.

Durante o primeiro ano de mandato, enquanto disputávamos a Série B, do
Campeonato Brasileiro de Futebol Profissional, não tivemos nenhum problema dentro
dos estádios, ou mesmo nos arredores, antes, durante e após as partidas de futebol. A
torcida lotou o estádio Serra Dourada em vários jogos, fazendo uma bela festa. Fomos
campeões brasileiros e conquistamos o retorno à Série A.

No segundo ano de mandato, já na Série A, do Campeonato Brasileiro, passamos a
enfrentar uma série de problemas que foram desde o uso indevido de sinalizadores no
estádio até brigas com os torcedores adversários e entre torcedores do próprio clube.

Tais fatos levaram o Goiás EC a sofrer severas punições no STJD do Futebol, que
foram de pesadas multas até perdas de mandos de campo.

Nos sentindo incapazes para enfrentarmos os graves problemas de violência,
buscamos o apoio das principais autoridades do Estados em busca de solução.

Conseguimos o envolvimento do Governador do Estado de Goiás, Marconi Perillo, do
Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, Desembargador Ney Teles,
dentre outras autoridades, e formamos uma força tarefa que nos possibilitou fechar o
ano de 2013 num clima mais ameno dentro e fora dos estádios de futebol.

 

João Bosco Luz de Morais
Economista e advogado, ex-presidente do Goiás Esporte Clube, ex-procurador do
STJD do Futebol, Auditor do STJD do Basketball.

 

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