Barcelona 1992, Rio 2016 e o legado olímpico

No final do mês de julho irão se iniciar os Jogos Olímpicos de Londres. O mundo vai se reunir em torno da áurea positiva que envolve o esporte. Além disso, o povo inglês, especialmente o londrino, prepara-se para viver dias de sonho.

Gustavo Lopes Pires de Souza

Muito mais que um megaevento esportivo e um negócio, a realização dos Jogos Olímpicos pode promover uma verdadeira revolulção na cidade organizadora.

Nos intervalos das aulas do mestrado em Direito Desportivo no Instituto de Educação Física da Catalunha, tenho visitado alguns pontos turísticos de Barcelona, especialmente o complexo olímpico, onde está situado o INEFC.

Vinte anos depois se percebe o orgulho do barcelonista pelos Jogos. Todos os guias e pontos turísticos ressaltam que a cidade modificou-se após as Olimpiadas de 1992.

Barcelona cresceu de costas para o mar mediterrâneo de forma que quanto mais longe do mar, mais nobre o bairro. Para os Jogos de 1992 foi recuperada a área portuária e oceânica outrora degradada para a construção da vila olímpica e dos comércios.

No século passado, Barcelona era a capital industrial da Espanha, mas decaiu. Com a democracia, no limiar dos anos 70 e 80, tornou-se uma metrópole desindustrializada com um porto decadente, desemprego alto, gangues, elevados indicadores de violência etc. Atualmente, vinte anos depois, é o pulmão logístico do Mediterrâneo, uma das capitais culturais da Europa e um dos principais pólos turísticos do mundo.

Desde os Jogos, o número de passageiros recebidos pelo aeroporto de Barcelona triplicou, chegando a 29 milhões por ano em 2010. Os hotéis da cidade somam 60.000 quartos, o dobro de 1992. Barcelona, assim, se tornou, de cidade esquecida, no terceiro destino de visitantes internacionais na Europa, configurando um grande exemplo de sucesso em transformação de uma cidade.

Além disso, o complexo olímpico conta com instalações utilizadas pela população e para várias competições. Agora mesmo está sendo disputado no Estádio Olímpico o Mundial Juvenil de atletismo. Quando não sedia atividades esportivas, o Estádio Olímpico de Montjuic atrai eventos corporativos ou grandes espetáculos musicais.

Todas essas constatações nos enchem de expectativa para a oportunidade que o Rio de Janeiro tem para recuperar, reurbanizar suas áreas degradadas e tormar ainda mais maravilhosa esta cidade.

Para tanto, os poderes públicos Federal, Estadual e Municipal precisam direcionar e racionalizar os investimentos e criar meios legais para que a cidade tenha, de fato um legado, como acontece em Barcelona onde, bastam poucos minutos para perceber que existia uma cidade antes das Olimpiadas de 1992 e agora há outra.

Muito embora a realização dos Jogos Olímpicos não tenha garantido a transformação de Barcelona, observando-se a cidade antes e depois do evento, percebe-se o impacto das mudanças. Para o Rio de Janeiro, que sediará a Olimpíada em 2016, imprescindível atentar-se que a magia dos Jogos não garante, por si só, um legado, mas pode ser a propulsora de uma nova realidade para a cidade.

Gustavo Lopes Pires de Souza é Coordenador do Curso de Capacitação em Direito Desportivo da SATeducacional. Professor de Organização Jurídica do Esporte no MBA de Gestão em Eventos Esportivos das Faculdades Del Rey. Autor do livro: “Estatuto do Torcedor: A Evolução dos Direitos do Consumidor do Esporte” (Lei 10.671/2003) Formado em Direito pela PUC/MG, Pós Graduado em Direito Civil e Processual Civil pela Unipac, Membro e colunista do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo, Membro do Instituto Mineiro de Direito Desportivo e da Associação Portuguesa de Adepstos Colunista do Instituto de Direito Desportivo da Bahia e do portal “Papo de Bola”. Agraciado com a medalha “ Dom Serafim Fernandes de Araújo” pela eficiência na atuação jurídica. Jurista, Articulista, Advogado licenciado em razão de função pública no TJMG. Professor de matérias Jurídicas no MEGA CONCURSOS, FAMINAS e Arnaldo Jansen.
Para interagir com o autor: [email protected]

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