Gustavo Lopes Pires de Souza
Boca e River protagonizam a maior rivalidade da Argentina e uma das maiores do mundo. Esta rivalidade atingiu o ápice da violência no confronto válido pelas oitavas de final da Libertadores da América, quando um torcedor do Boca, dono da casa, lançou gás de pimenta no túnel de jogadores do River. O incidente culminou com decisão do Tribunal Disciplinar da Conmebol que eliminou o Boca Jrs da competição.
Fundado em 1901, o River Plate é fruto da fusão de dois clubes amadores de Buenos Aires e, nos anos 30 adquiriu a alcunha de “Millionarios” devido ao elevado número de associados que garantia ao clube uma receita considerável.
O Boca Juniors, por seu turno, foi fundado em 1905 por imigrantes italianos que residiam no bairro de La Boca, região menos abastada de Buenos Aires. Sua origem ligada à população humilde trouxe ao clube grande identidade com o povo.
A rivalidade acentua-se no paradoxo socioeconômico estabelecido entre os clubes.
No intuito de banir a violência que ronda o confronto, passou-se a adotar as torcidas únicas. Entretanto, como se percebeu e já era previsto pelos pesquisadores, tal medida não é eficaz no combate à violência nos estádios de futebol.
Ora, a paz nos estádios de futebol necessita de medidas pedagógicas, bem como punição célere e efetiva, dentre outras.
Não obstante, os dirigentes e as autoridades buscam restrições ao álcool e torcida ao invés de atacar o problema na sua raiz.
No caso em comento, a Conmebol acertou ao punir o Boca com a eliminação e perda de mandos de campo e, ainda, demonstrou significativa evolução desde que seu Tribunal Disciplinar foi criado, eis que no incidente do Corinthians, em 2013, na Bolívia onde ocorreu uma morte, a punição havia sido extremamente branda.
O futebol sul-americano precisa extirpar a violência de seus estádios de forma a valorizar seu produto e fortalecer seus clubes, caso contrário cada dia perderão mais torcedores e telespectadores para o futebol europeu.