Gustavo Lopes Pires de Souza
Mais um clássico mineiro decisivo e novamente a “guerra” de bastidores rouba a cena e torna-se protagonista.
Previamente marcado para o próximo domingo, o Cruzeiro, mandante da partida contra o Atlético, válida pelas semi-finais do Campeonato Mineiro interessa-se na antecipação do clássico para o sábado, em virtude de compromisso importante pela Libertadores na terça-feira.
O Atlético, por sua vez, como está no México e terá uma longa viagem de retorno pela frente, prefere que a partida contra seu rival ocorra no domingo.
Entre os clubes diretamente interessados há a Federação Mineira de Futebol, organizadora da competição e a Rede Globo de Televisão, detentora dos direitos de transmissão.
O regulamento aplicado ao Campeonato Mineiro estabelece que a tabela pode ser alterada pelo Presidente da FMF, de ofício, ou seja, sem solicitação, ou mediante requerimento formal e fundamentado dos interessados (mandante e emissora transmissora).
A alteração de ofício pelo Presidente da Federação pode apresentar afronta ao Estatuto do Torcedor, que a exige a divulgação prévia da tabela e a inalterabilidade do regulamento, o que pode trazer a interpretação de que eventual mudança nas datas e/ou horários de jogos deva ser excepcional e, portanto, de forma fundamentada.
Caso a partida ocorra no domingo, o Cruzeiro entrará em campo na terça-feira, com intervalo inferior a 60 horas, o que corresponde a relevante fundamento.
Outrossim, a antecipação da partida, nos termos do regulamento depende de anuência da empresa detentora dos direitos de transmissão, no caso em tela, a Rede Globo.
Dessa forma, se Cruzeiro e Globo optarem pela mudança, ela ocorrerá independente da vontade do Atlético, eis que o mando é do rival.
No entanto, a Rede Globo condicionou sua anuência à concordância por parte do Atlético que não aceitou a alteração na data da partida, assim, a empresa detentora dos direitos de transmissão opta pela manutenção da partida no domingo.
Irresignado, o Cruzeiro apresentou Mandado de Garantia à Justiça Desportiva que foi negado pelo Presidente do TJD.
Independente do resultado desse imbróglio, Atlético e Cruzeiro, novamente, transformaram o ápice do futebol mineiro em um momento menor, diminuído pela falta de diálogo e pela rivalidade nos bastidores.
Passou da hora dos dois maiores clubes de Minas Gerais entenderem que tem nas mãos um dos produtos mais valiosos do esporte brasileiro e passarem a buscar soluções profissionais e voltadas a atender aos interesses do torcedor.
Portanto, de novo, pouco importa o resultado da partida porque Cruzeiro e Atlético já são perdedores.