Confederações e Manifestações

Gustavo Lopes Pires de Souza

 

A festa do futebol que aguardávamos teve sua notoriedade “roubada” pela onda de manifestações que pululam pelo país a fora.

 

Há de se resguardar sim o direito sagrado ao protesto e à liberdade de expressão. Por outro lado, há de se garantir também o direito de ir e vir daqueles que não participam das manifestações. Equação difícil, mas, deve-se tentar.

 

O fato é que depois de tanto tempo de espera temos a chance única de causar uma primeira boa impressão. Estamos realizando o segundo evento mais importante do esporte com mais visibilidade no mundo e o que vemos são nossas mazelas serem expostas nua e cruamente para o mundo.

 

A chance de causarmos uma boa impressão é agora. Todos brasileiros devem honrar nossa imagem ao mundo.

 

Maquiamos nossas mazelas sim. Como maquiamos o rosto para apagar suas imperfeições e marcas do tempo. Como pintamos os cabelos brancos para esconder a idade. Como fingimos riqueza com dívidas e nome no SPC. Como ostentamos carros do ano com parcelas vencidas no banco e risco de busca e apreensão. Como divulgamos vidas felizes nas redes sociais para esconder nossas frustrações. Como escondemos casamentos infelizes sob a hipocrisia de preservar filhos e contexto social. Como arrumamos a casa e ocultamos a bagunça de nossa casa quando recebemos visita. Como sorrimos para os outros quando o coração quer chorar.

 

Temos problemas sim. Mas, devemos resolvê-los internamente, afinal de contas, Brasil é a nossa casa e já que estamos organizando o evento, devemos mostrar ao mundo que somos bons anfitriões.

 

A hora de protestar contra a Copa do Mundo passou. Foi em 2007 quando nos candidatamos e ganhamos o direito de organizar os eventos. Foi nas urnas em 2010 quando elegemos os políticos responsáveis por conduzir este processo.

 

Portanto, agora, devemos nos vestir de verde e amarelo, retirar as bandeiras do armário e fazermos uma bela festa para que tenhamos dias memoráveis e inesquecíveis e para que o estrangeiro possa regressar ao seu país com boas referências. Tenho certeza que pouquíssimos manifestantes sabem que nosso nordeste recebe menos turistas que a cidade de Cancun. Poucos manifestantes sabe do legado de Barcelona ou do incremento fantástico no turismo da Alemanha pós Copa. O mais triste é perceber que muitos manifestantes lutam pelo que não conhecem ou por interesses de determinados setores da sociedade.

 

Que caia sobre nós o espírito nacionalista e comunitário para aproveitarmos o momento para nos divulgar para o mundo como um grande país e não como um país cheio de mazelas.

 

Apesar de tudo, seja contra ou seja a favor das manifestações, esses grandes eventos já trouxeram para o país um legado inestimável: tirou o povo brasileiro de seu berço esplêndido e o devolveu a capacidade de se indignar.

 

Que essa indignação seja honrada em 2014 com o voto consciente, nossa maior ferramenta contra os governantes brasileiros. Não quero ter a dor de apesar de “termos feito tudo que fizemos ainda sermos os mesmos e vivermos como os nossos pais”. No mais, “balança Brasil, adoro te ver contente”.

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