Endividamento dos clubes de futebol: o fantasma a ser combatido

Gustavo Lopes Pires de Souza

Entra ano e sai ano os noticiários esportivos são invadidos com estudos e pareceres apontando o ranking das dívidas dos clubes. Além disso, invariavelmente, clubes tem rendas ou outros créditos bloqueados pela Justiça.

As razões deste descontrole financeiro são muitas, desde administrações amadoras, passando pelos riscos de qualquer negócio e desembocando no excesso de tributos no Brasil.

Independente do passado dos clubes, é imprescindível olhar para a frente criando gestões profissionais que relacionem tecnicamente questões financeiras e busca por resultado desportivo.

Na década de 90, Espanha e Portugal, por meio de lei, criaram as SADs (Sociedades Anônimas Desportivas) de forma que o passivo anterior fosse reestruturado e os clubes recomeçassem do zero.

A ideia seria “apagar” os erros do período pré profissional e permitir que os clubes fossem geridos como verdadeiras empresas sujeitas, inclusive à falência ou à proibição de disputar competições em virtude das dívidas.

Entretanto, cerca de vinte anos depois, muitos dos clubes voltaram a atrasar salários e se endividar e as entidades esportivas e Governo voltaram a debater soluções.

Tratar os clubes de futebol como meras empresas em um país como o Brasil, que respira futebol, não seria adequado, eis que envolve muita paixão.

Imagine as repercussões da falência de equipes como Flamengo, Corinthians, São Paulo, Atlético Mineiro, Palmeiras ou Vasco da Gama.

Dessa forma, Poder Público, clubes e CBF devem estabelecer um programa de recuperação financeira dos clubes priorizando os débitos trabalhistas e a pontualidade dos pagamentos futuros condicionando-se a participação nas competições ao adimplemento das obrigações.

Não há mais espaço para amadorismo no futebol e da forma que as dívidas caminham a insustentabilidade está próxima, o que pode trazer prejuízos inimagináveis, eis que o esporte é a força motriz para a geração de milhares de empregos diretos e indiretos, fora a sua função social e recreativa.

A tarefa de combater o “fantasma do endividamento” não é fácil, tanto é que Espanha e Portugal não tiveram o sucesso almejado.

Diante de tudo, medidas devem ser tomadas com celeridade antes que seja tarde.

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