Gustavo Lopes Pires de Souza
A fim de impedirem o vexame da não realização do campeonato brasileiro, em 1987 os grandes clubes brasileiros se reuniram e criaram a Copa União.
Assim, naquele ano, a maior competição de futebol do país foi organizada por uma associação de clubes, o Clube dos Treze, e teve dezesseis equipes.
A Copa União foi um marco, eis que correspondeu a uma verdadeira liga profissional de clubes com o patrocínio de grandes empresas, como a Coca-cola que patrocinou quase todas as equipes.
Entretanto, o sucesso da competição organizada sem a ingerência da CBF causou insatisfação na entidade que resolveu criar outro módulo com os clubes que não participaram da Copa União e estabeleceu que o campeão brasileiro deveria sair de um quadrangular entre os dois primeiros colocados de cada competição.
O Clube dos Treze negou-se a participar deste quadrangular e o Sport Recife, campeão do outro módulo foi declarado campeão brasileiro.
Inclusive, Sport Recife e Guarani foram os representantes brasileiros na Copa Libertadores de 1988, em detrimento de Flamengo e Internacional, respectivamente, campeão e vice da Copa União.
Desde então, Sport, Flamengo e CPF travam batalha judicial para definir o campeão brasileiro de 1987.
A disputa se acirrou ainda mais quando o São Paulo conquistou o quinto campeonato brasileiro e pleiteou a posse definitiva da “taça de bolinhas”.
Enfim, após 27 anos, o Superior Tribunal de Justiça declarou o Sport Recife o único campeão brasileiro de 1987.
Todo esse imbróglio trouxe algumas considerações relevantes à comunidade jusdesportiva:
– A demora na sentença demonstra o quão é prejudicial a interferência da Justiça Comum no desporto.
– A CBF é uma entidade privada e tem o monopólio na organização de competições oficiais no Brasil.
– Independente da decisão judicial ou da chancela da CBF, para os amantes do futebol e para a história, o campeão da competição nacional mais importante de 1987 foi o Flamengo.
Por fim, imprescindível destacar a grande lição que a Copa União deixou. Sim, é possível realizar um campeonato brasileiro com 16 clubes, calendário racional e organizado pelos protagonistas do espetáculo e toda a polêmica serviu, somente, para enfraquecer o projeto e fortalecer a CBF.