A NBA, liga de basquete dos Estados Unidos e principal do planeta na modalidade, sabe que seu esporte é menor do que o futebol.Pam El, chefe de marketing desde agosto do ano passado, falou em alto e bom tom a profissionais do mercado esportivo brasileiro, em encontro organizado pela liga de basquete brasileira, a LNB, que não dá para competir em popularidade com o concorrente que americanos chamam de “soccer”. Mas não vê problema nisso. Até porque, do ponto de vista do negócio, o basquete da NBA supera o futebol brasileiro e europeu porque se posiciona com sabedoria.
Lembra daquele jogo no início do Campeonato Brasileiro em que jogadores passam de lado, quase não atacam e saem satisfeitos com o zero a zero? Valeu o ponto conquistado. Ou mesmo daquela segunda partida de Copa do Brasil, contra time pequeno, depois de vencer a primeira por um gol, quando teus atletas “administram o resultado”? A crítica esportiva até elogia a inteligência da equipe enquanto espectadores cochilam. Isso a NBA abomina. A experiência, no basquete americano, tem de ser intensa. Leva uma vantagem natural porque a modalidade tem ponto o tempo inteiro, lá e cá, mas esta é uma premissa da liga, que instrui atletas e times a atacar do primeiro tempo ao quarto. Ninguém pode pagar para ver LeBron James, melhor da atualidade, com sono em quadra.
Outro valor que separa a NBA de qualquer campeonato de futebol é “integridade”. Nada de árbitro que não marca pênalti quando o zagueiro tira a bola da trajetória da baliza com a mão. Ou de bandeirinha que anula gol válido. Ou de zagueiro que detona tornozelo do atacante. No “soccer”, goleiro comemora título com“roubado é mais gostoso”. No basquete dos Estados Unidos, há um centro de análise do jogo em tempo real. Se o árbitro tiver dúvidas, para o jogo, vai à tela do computador e assiste ao lance várias vezes, de diferentes ângulos, até tomar a decisão acertada. O regulamento, lá, existe para ser obedecido e aplicado, e o torcedor gosta disso.
Diferenças de posicionamento não existem por acaso. “Intensidade” e “integridade” são duas das nove palavras que norteiam o marketing da NBA – “competir com intensidade, liderar com integridade, inspirar a jogar” – em todas atitudes tomadas em todas as esferas, desde a instrução das 30 equipes filiadas e dos respectivos atletas, a passar por parceiros de marketing e mídia, até o próprio comportamento em canais oficiais na internet. A frase, missão da liga, é tão levada a sério que até marca registrada é. E mostra que todo aquele espetáculo da NBA elogiado por mídia e público começa lá atrás, bem embaixo, no planejamento. Que tal, futebol?
Fonte: Época Negócios
