Não culpem o futebol!

Edio Leitão 

Em entrevista a um programa esportivo, um sociólogo falou sobre o lançamento de seu livro – previsão para o primeiro semestre desse ano – cuja temática é a violência no futebol brasileiro.

Na entrevista ele disse que o Brasil é o país com maior número de mortes de torcedores no mundo, ultrapassando Itália e Argentina. Falou também que os marginais são minoria nas torcidas organizadas.

Estou curioso e ansioso pelo lançamento do livro para que possa ter uma base mais aprofundada sobre o problema, mas um fato me chamou a atenção.

Apesar da proibição da venda de bebidas alcoólicas nos estádios, ainda sim crescemos no ranking da violência.

Após a tragédia de Hillborough que culminou na morte de 95 torcedores do Liverpool esmagados em um jogo da Copa da Inglaterra, os ingleses adotaram uma série de medidas oriundas do Relatório Taylor, escrito pelo Lord de Gosforth Peter Taylor.

Dentre elas: revisão da capacidade de público de todos os estádios; instalação de assentos, numerados em todos os setores dos estádios; novas provisões a respeito de
primeiros socorros e serviços de emergência em todos os campos de futebol; estabelecimento de grupos locais encarregados de fornecer conselhos sobre a segurança nos estádios; retirada dos alambrados e monitoramento do público na arena desportiva.

Outrossim, importante medida adotada pelas autoridades britânicas foi à centralização do trabalho de combate a violência em estádios, existindo uma gama de unidades policiais espalhadas pela Inglaterra e especializadas em combater a violência dos torcedores, com substanciosa troca de informações e auxilio na elaboração de um quadro nacional do problema naquele país.

Atualmente, na Inglaterra não tem alambrado nos estádios e as bebidas são liberadas.

Não estou defendendo e nem condenando a liberação das bebidas alcoólicas, mas diante dessa infeliz briga de egos sobre a Lei Geral da Copa, onde equivocadamente distorcem o conceito de soberania e querem nos passar a impressão – falsa – de que o grande e principal mal seria a venda de bebida alcoólica, vejo que estamos, mais uma vez, perdendo o foco sobre um problema que já atingiu e faz tempo, sua maioridade, ou seja, a segurança pública.
É preciso ter consciência de que o problema da violência deve ser observado através do futebol e não o contrário.

Parem de nos engambelar!

Edio Hentz Leitão. Pós-Graduado em Direito Civil e Processual Civil pela Universidade Gama Filho. Pós-Graduando em Direito Desportivo pelo Instituto Iberoamericano de Derecho Desportivo. Cursando Gestão e Direito Desportivo pela SATeducacional. Membro do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo. Advogado.

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