O presidente da Uefa, Michel Platini, quer mudar o sistema de inscrição em competições europeias e fazer os times terem mais jogadores formados no próprio país. O francês acredita que os clubes ricos estão acumulando os melhores jogadores em seus elencos, o que compromete o equilíbrio dos campeonatos. Por isso, uma das ideias é aumentar o número de jogadores formados no país para as competições europeias. Diferente do que quer fazer a CBF, que limitaria a nacionalidade, a Uefa quer tentar fazer os clubes formarem mais jogadores e contratarem mais jogadores do mercado interno e equilibrar a disputa.
“O que é importante no futuro é o limite da possibilidade de ter os melhores jogadores em um time. Isso importante para a competição”, declarou Platini à revista World Soccer Magazine. “No momento, você tem grandes clubes com muito dinheiro que podem ter todo mundo”, criticou ainda o francês.
Para Platini, o advento da Lei Bosman, o estopim que revolucionou a forma como os jogadores se relacionam com os clubes, permitiu que os grandes clubes se fortalecessem. “Isso significa que você pode ter todos os melhores jogadores em um mesmo time. No passado, na Espanha, você tinha Real Madrid, Atlético [fusion_builder_container hundred_percent=”yes” overflow=”visible”][fusion_builder_row][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][de Madrid], Barcelona, Valencia, muitos times e todos os jogadores estavam em times diferentes. Agora, mais ou menos, os melhores jogadores estão em um ou dois clubes”, analisou Platini.
“Não é possível que os melhores times teriam todos os melhores jogadores, ou a competição por si está acabada”, alertou ainda o dirigente. “Nós temos que pensar no futebol em toda a Europa, não apenas em dois ou três clubes”, continuou.
Com base nisso, a ideia é restringir ainda mais a inscrição de jogadores para fazer os clubes terem mais jogadores formados localmente. Atualmente, um clube que disputa as competições europeias, Champions League e Liga Europa, devem inscrever 25 jogadores nas competições, sendo que oito desses jogadores precisam ter sido formados no país, o que é descrito na regra das competições como “jogador treinado localmente” (“locally trained player”).
Destes, ainda há uma separação: os jogadores treinados no país (“association-trained player”) ou jogadores treinados no clube (“club-trained player”). Dos oito jogadores inscritos, no máximo quatro podem ser jogadores treinados no país, ou seja: ao menos quatro jogadores do elenco inscritos devem ter sido formados no próprio clube.
Para ser considerado um jogador treinado localmente, o jogador deve ter jogador por três anos no país entre os 15 e os 21 anos, independente da nacionalidade. Isso significa que um jogador marfinense, por exemplo, que tenha jogado três anos entre 15 e 21 em um clube inglês será um jogador treinado na Inglaterra, para todos os efeitos. Para ser considerado formado pelo clube, o jogador precisa ter treinado três desses anos, entre 15 e 21 anos, no próprio clube. Também neste caso, independente da nacionalidade. Mas o período só vale a partir da primeira partida oficial do jogador no campeonato nacional.
Ter obrigação de ter oito de 25 inscritos representa 32% dos inscritos. Platini acredita que o poder financeiro grande dos times tem feito que os melhores jogadores se concentrem em poucos times, o que ele chama de empilhamento de jogadores. “Eu apoio totalmente a agenda que diz que nós precisamos de mais jogadores formados no país, porque não é possível lutar na questão da nacionalidade”, continuou Platini.
Mas como esse tipo de regra limita os ricos e equilibra o campeonato?
Com a obrigação de ter jogadores formados no próprio país, há duas consequências. A imediata é que os times buscam os talentos locais antes dos talentos estrangeiros, o que gera uma distribuição do dinheiro dentro dos clubes do país. Por exemplo, um clube rico vai atrás de um talento de um clube menor. Como o clube mais rico precisa de um jogador local, em relação a um jogador estrangeiro, o preço aumenta. O clube rico paga mais, o clube menor recebe mais e pode reinvestir no próprio elenco. Com isso, mesmo que os times ricos continuem contratando, acaba reforçando o caixa de clubes locais.
A longo prazo, os clubes são incentivados a formarem jogadores internamente ou buscarem talentos mais jovens para terminarem de formar esses jogadores, de forma que eles sejam enquadrados dentro da regra de jogadores formados no país e também no próprio clube. É um incentivo a gastar mais com a base, o que é bom, de forma geral, aos clubes, mesmo os menores. Os ricos sempre serão ricos, mas quando há um incentivo para que o dinheiro seja gasto no próprio país, isso acaba sendo uma forma de distribuir o dinheiro entre os clubes do próprio país, o que é uma forma de distribuir a riqueza e, assim, aumentar a competitividade da liga.
A liga mais rica já adotou a regra
A Premier League já adotou regras parecidas. Desde a temporada 2011/12, os clubes precisam incluir oito jogadores formados no país entre os 25 inscritos no elenco principal. Além dos 25 inscritos, os clubes podem ter um número ilimitado de jogadores inscritos abaixo de 21 anos em janeiro, mês que abre a janela de inverno na Europa. Os clubes podem mudar a lista de 25 inscritos enquanto a janela de transferências estiver aberta.
Quando implantou a regra, em 2011, o então presidente da Premier League, Richard Scudamore, ressaltou algo parecido com o que Platini disse. “Não é do interesse dos clubes empilhar jogadores”, declarou o dirigente. “Isso fará com que contratar talentos formados no país seja mais atraente”, analisou Scudamore. Isso é algo que já vemos acontecer na Premier League em 2015, com Sterling trocando o Liverpool pelo Manchester City e Delph deixando o Aston Villa para também defender o Manchester City.
“Nós não entraremos na rota do teste de nacionalidade, mas o que isso significa é que você não pode apenas contratar um time do exterior. Nós achamos que isso dá aos clubes um incentivo extra para investir na juventude e nós também achamos que um dos benefícios disso é que ira ajudar a seleção inglesa”, afirmou o então dirigente da Premier League.
Esta é uma discussão que deve ser forte no Congresso da Uefa, em setembro, quando Platini tentará fazer essa regra dos jogadores formados em casa aumentar. Com isso, as contratações de estrangeiros ficariam restritas, sem infringir as regras de livre mercado da União Europeia. Os clubes devem fazer pressão pelo contrário, mas a ideia de Platini parece merecer ao menos uma discussão.
Fonte: Trivela[/fusion_builder_column][/fusion_builder_row][/fusion_builder_container]