Gustavo Delbin*
Renato Renatino Santos*
O Mundial Masculino de Vôlei de 2014 realizado na Polônia chegou ao fim. Após 23 dias de competição, vale ressaltar o sucesso em sua execução não só pela qualidade dos jogos e equidade entre as equipes participantes, mas principalmente pelo comparecimento em massa dos torcedores poloneses nos ginásios em que foram realizados os jogos, bem como a mobilização de mais de quarenta mil torcedores em uma das principais praças de Katowice, onde ocorreu a final, para acompanhar o confronto entre Polônia e Brasil.
Em jogo emocionante a Seleção Polonesa venceu o Brasil de virada por 3 sets a 1 e sagrou-se bicampeã mundial depois de 40 anos. Essa foi a segunda vez que as equipes se enfrentaram em uma final de Mundial. A primeira havia ocorrido em 2006 no Japão quando o Brasil superou a Polônia por 3 sets a 0 e se tornou bicampeão, tendo ainda seu ponteiro Gilberto Godoy Filho, o Giba, eleito como melhor jogador do campeonato.
Outro ponto que merece destaque e que comprova a equidade entre as equipes que participaram do Mundial, é que o Brasil venceu por duas vezes seu antigo algoz, a Seleção da Rússia, pelo placar de 3 sets a 0, sendo uma pela primeira fase, e outra pela fase final, mal tomando conhecimento de sua existência na competição.
Além disso, a Argentina já eliminada no Mundial superou os Norte-Americanos em jogo equilibradíssimo e eliminou um dos favoritos ao título ainda na primeira fase, o que permitiu a classificação do novato Irã para o sorteio da fase final.
Mesmo com tantos pontos positivos sobre a competição, vale ressaltar que o principal ponto negativo pertenceu à Seleção Brasileira, o que culminou na aplicação de multa de US$ 2 mil (dois mil dólares) por parte da FIVB (Fédération Internationale de Volley).
Contextualizando, a FIVB determina na letra “j” do item 13.1.3.2 do “FIVB Sports Regulations”[fusion_builder_container hundred_percent=”yes” overflow=”visible”][fusion_builder_row][fusion_builder_column type=”1_1″ background_position=”left top” background_color=”” border_size=”” border_color=”” border_style=”solid” spacing=”yes” background_image=”” background_repeat=”no-repeat” padding=”” margin_top=”0px” margin_bottom=”0px” class=”” id=”” animation_type=”” animation_speed=”0.3″ animation_direction=”left” hide_on_mobile=”no” center_content=”no” min_height=”none”][1]que o treinador e o capitão das equipes atendam à imprensa em entrevista coletiva determinada pela entidade logo após os jogos. Ocorre que, nas partidas disputadas contra a Rússia e Polônia, o técnico Bernardinho e seu filho Bruno Rezende, capitão da Seleção Brasileira, não compareceram a essas entrevistas, sendo aplicada multa de US$ 1 mil (um mil dólares) por ausência.
O Brasil tentou justificar a primeira ausência de seus integrantes na partida contra a Polônia, sob o fundamento de que teriam pouco tempo para se recuperar para o jogo do dia seguinte que seria disputado contra a Rússia. Ocorre que após o jogo da Rússia, o técnico e o capitão brasileiro novamente não se apresentaram na conferência, sendo enviado o ponteiro Luiz Felipe Fonteles, mais conhecido como Lipe, para dar entrevista, o que não foi suportado pela FIVB.
Não obstante, outra ocorrência poderia ter prejudicado ainda mais a imagem da Seleção Brasileira no campeonato, bem como tê-la feito perder jogadores para as partidas decisivas do Mundial. Isto, pois quando o jogo estava em 16×15 para a Polônia no tie-break, o meio de rede polonês teria atacado para fora, o que permitira o empate do Brasil na partida.
Ocorre que, após o pedido de desafio feito pelo técnico da Seleção Polonesa, Stephane Antiga, foi constatado que a bola teria resvalado no dedo médio do central brasileiro, Sidão, quando da tentativa de bloquear o ataque polonês, o que culminou na marcação do ponto para a Polônia e consequentemente a vitória sobre o Brasil.
Como a imagem não havia sido transmitida no telão para os demais atletas na quadra, os jogadores e integrantes da comissão técnica começaram a reclamar acintosamente da marcação dos árbitros, principalmente dos mesários e auxiliares que eram responsáveis pela análise das imagens do desafio, o que foi visto com maus olhos pela Federação Internacional de Vôlei.
Sob este prisma, a FIVB preferiu não punir nenhum jogador individualmente para não prejudicar o fiel andamento do campeonato, aplicando apenas uma advertência aos atletas brasileiros visando reprimir atitudes semelhantes no decorrer da competição, permitindo que o Brasil jogasse com a equipe completa contra a França pela semifinal.
Neste contexto, o Brasil superou os franceses em jogo muito equilibrado por 3 sets a 2 e credenciou-se para a final.
Diante disso, espera-se daqui pra frente que as normas da FIVB continuem sendo devidamente aplicadas e respeitadas, visando disciplinar cada vez mais o voleibol mundial, permitindo o pleno desenvolvimento do esporte de alto nível, o que proporcionaria jogos mais emocionantes e bem disputados, levando qualidade às competições e atraindo cada vez mais seguidores ao esporte.
Fontes:
http://www.espbr.com/noticias/mau-comportamento-rende-multa-brasil-no-mundial-polonia
http://poland2014.fivb.org/en/news/poland-win-second-world-championship-title-at?id=49498
http://poland2014.fivb.org/en/news/fivb-mens-world-championship—day-23?id=49487
http://poland2014.fivb.org/en/news/brazil-and-poland-set-up-title-rematch?id=49483
http://www.volei.org/2014/09/argentina-joga-muito-e-elimina-estados.html
http://oglobo.globo.com/esportes/brasil-vence-franca-esta-na-final-do-mundial-de-volei-13998765
http://odia.ig.com.br/esporte/2014-09-19/mundial-de-volei-penultimo-passo-na-busca-pelo-tetra.html
http://www.fivb.org/EN/fivb/Document/Legal/FIVB_Sports_Regulations_en_20140516_v3.pdf
[1] 13 CONTROL COMMITTEE IN FIVB COMPETITIONS (JURY)
13.1 POWERS AND RESPONSIBILITIES
The Control Committee is the highest authority during a competition with the powers of the FIVB and through FIVB Sub-Committees is responsible for:
13.1.3.2 Documents to be presented by the Organizer to the Control Committee
j) Invitation for the Coaches and Captains for the press conference
* Gustavo Delbin e Renato Renatino Santos – Membros da equipe de Direito Desportivo do Aidar SBZ, escritório filiado ao IBDD
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