Gustavo Lopes Pires de Souza
Nesta semana foi realizada na cidade de Marília, no interior de São Paulo, a XX Semana Jurídica da UNIMAR dedicada totalmente ao direito desportivo. Tenho honra de ser homenageado e de lançar durante o evento, junto com o advogado baiano Milton Jordão, o livro Comentários ao Estatuto do Torcedor.
Em razão da Copa do Mundo fala-se muito em padrão FIFA. Entretanto, esta excelência na prestação de serviços ao consumidor dos eventos esportivos já está prevista no Estatuto do Torcedor desde 2003.
A Copa do Mundo significa muito mais que um grande evento esportivo, traz a possibilidade de efetivarmos o que prevê a legislação basileira de proteção ao torcedor.
Espera-se que o torcedor passe a ser tratado e respeitado como um consumidor que paga pelo serviço e, portanto, tem direito de exigir qualidade desde o momento que estaciona seu carro, desde o momento que deixa o evento esportivo.
Tem-se a grande oportunidade de se trazer o conceito de match day para o Brasil que tem sua importância destacada pelo professor Cristiano Machado Costa, Coordenador do Centro de Estudos e Análises Econômicas da FUCAPE Business School (Vitória/ES)
“As principais fontes de receitas de um clube de futebol são venda de jogadores, patrocínio no uniforme, direitos de transmissão, publicidade estática e naming rights, quadro social, bilheteria e outros bens e serviços (copa, venda de camisetas, produtos licenciados, etc.). A ordem de importância destas fontes de receita varia de clube para clube. Mas uma combinação destas receitas é pouco explorada pelos clubes brasileiros. Essa combinação se dá a partir do conceito de “Match Day“.
Assim, o Match Day corresponde ao dia de jogo e todas as atividades que giram em torno da partida. Dessa forma, o evento inicia-se horas antes do jogo, ainda longe do estádio, quando o torcedor liga o rádio, vê a TV ou acessa a internet para acompanhar as notícias que antecedem à partida.
Depois, o torcedor desloca-se ao estádio horas antes para passear no museu do Clube, passar na lojinha para adquirir produtos licenciados. Depois deste tour, o torcedor almoça no restaurante temático da arena.
Ao fim do almoço, o torcedor recebe gratuitamente o guia da partida, toma um café expresso ou um sorvete antes de se dirigir à arquibancada.
Enquanto a partida não começa, o torcedor bebe uma cerveja, conversa com amigos, acompanha as notícias no rádio e no celular (conectado ao o wi-fi do estádio).
O jogo começa e o torcedor continua consumindo cervejas, cachorros-quente e pipocas e ao final, passa novamente na lojinha compra uma lembrança deste dia.
Perceba-se que o torcedor e sua família passam o dia no estádio de forma segura e confortável consumindo e gerando recursos para o seu clube.
Se os fatos aqui narrados parecem absurdos para os brasileiros, eles fazem parte da rotina do torcedor europeu.
Destarte, o match day potencializa as receitas do clube abrangendo-se bilheteria e todos os outros bens e serviços conjuntamente multiplicando-se por todos os membros da família.
Portanto, não se trata de inventar a roda, mas de ultilizar este intercambio internacional oportunizado pelo Mundial e aplicá-lo ao Brasil. O país tem a grande oportunidade de revolucionar o paradigma do tratamento ao torcedor, basta aproveitá-la.